ISLÃ EM FOCO: ENTRE A IGNORÂNCIA E O PRECONCEITO! – Gabriel Silva – Artigos
“O homem é a única criatura que se recusa a ser o que ela é” Albert Camus
Gabriel Silva (*)
Quem nunca viu pela Tv ou redes sociais pessoas ou posts atacando os muçulmanos?
Associando-os ao terrorismo e à falta de civilidade?
Pois bem, quem assim procede age, na esmagadora maioria das vezes, por ignorância, no sentido de falta de conhecimento ou por má fé política, quando se trata de autoridades pseudodemocráticas condenando um grupo religioso que em sua grande maioria reprova qualquer ato terrorista.
Dentro da tradição islâmica, que tem sua fundação com o profeta Mohammed no século VII, matar é condenável pelo Corão, palavra de Allah aos humanos, pois estes se desviaram do caminho traçado por Allah e perderam-se fazendo do mundo um lugar violento e, assim, a formação do ser humano bem como a capacidade de harmonizar-se com Allah foram suprimidas.
Faz-se necessário explicar que a religião, seja qual for, não é tolerante para com uma outra religião, pois há um componente comum entre as mesmas: a política.
Nenhuma organização, seja qual for sua natureza, nega o uso da política para estruturar-se e sustentar-se perante uma determinada sociedade.
Desta mesma maneira, dentro do islamismo houve, após a morte do profeta, uma disputa política pela sua sucessão ficando o amigo e companheiro do profeta, o primeiro califa Abu Bakr chefiando 90% dos muçulmanos, os sunitas, e Ali, primo do profeta com uma outra ala da grande congregação islâmica, sendo, agora, o primeiro mulá dessa ala que compreende 10% dos muçulmanos, os xiitas.
Notem, minhas caras e meus caros, que para além da espiritualidade há a busca constante pelo poder, porque religião também é um poder social, haja vista que seus líderes mobilizam mais do que os políticos, pois a crença em um lugar bom e deleitoso é mais atraente do que a transformação do mundo material, que na mente dos crentes – seja qual for à crença – este mundo está perdido.
Alianças entre governos
Na incessante busca pelo poder, governos alinharam-se aos xiitas no constante desejo de desestabilizar o Oriente Médio, mas, por quê? Bem, a reposta parece ser óbvia, não é?
Para além do ouro negro, o petróleo, há um obscuro desejo de controle, por parte principalmente dos EUA, do Oriente porque essa região detém um vasto território, autonomia nuclear e potencial econômico no cenário internacional.
Bem, não há porque esticar esse artigo quando se pode, para além da teoria, verificar em fatos o porquê de tanto preconceito para com a comunidade muçulmana no que tange ao seu exercício de fé e, sobretudo, sua maneira de ser, estar e existir.
Portanto, relembremos o lamentável dia 17 de outubro de 2020 quando o professor de história e geografia da França, Samuel Paty, foi decapitado após mostrar figuras envolvendo o fundador do islã, Mohammed, por um jovem muçulmano que, na ânsia de fazer justiça, esqueceu-se que Allah é “Clemente e Misericordiosíssimo” e condena o homicídio.
Mas, partindo do contexto da globalização no que se referem à imigração, os países destinatários de tais imigrantes usam desse drama social como palanque político para difundir suas ideias xenófobas e, dessa triste forma, propagam o ódio. Proclama o Alcorão na 49ª Surata, versículo 13: “Ó humanos, em verdade, nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros”.
No triste dia 22 de outubro de 2020, duas muçulmanas foram atacadas a facas, em Paris, sob os gritos, de seus algozes, “árabes imundas”. Esse é o tratamento que se dá aos diferentes no País da liberdade, igualdade e fraternidade? Refletindo sobre a frase de Camus, compartilhamos de uma mesma natureza com outras espécies, por que não há integração? Por que alguns arrogam para si uma prepotência indevida à luz do ecossistema? Levemos, sempre, a mensagem de amor!
Como diz o jornalista diplomado e professor Sério Barbosa “Quem sobreviver vai saber!!”.
(*) Historiador diplomado pela UNIFAI/Adamantina-SP e Pesquisador
E-MAIL: gabriel_silva2011@live.com