Corinthians tem vitória incontestável contra o líder do Brasileirão e mantém tabu do rival na Arena
O Corinthians que derrotou o São Paulo por 1 a 0 teve intensidade como programa de governo. E por 90 minutos.
Com um sistema defensivo que vai se consolidando a cada dia e que chegou a quatro jogos seguidos sem sofrer gols, o Timão teve marcação encaixada, brigou por cada bola e sempre venceu na energia.
Mas o futebol não depende só da transpiração. Estrategicamente, Vagner Mancini acertou mais uma vez. Com dois meses de clube, o técnico vai mostrando uma leitura de jogo muito interessante. Sempre sabe onde ganha e onde perde os jogos. Algo muito relevante.
Um dos pontos positivos da forma como o Corinthians ataca é a rapidez na construção das jogadas. Talvez isso explique como Cazares se encaixou tão bem na função que vinha sendo de Luan. Muito vertical e com passe preciso, o equatoriano acelerou o ritmo em vários contra-ataques.
Léo Natel não foi perfeito como falso 9, desperdiçando alguns lances talvez pela falta de cacoete, mas teve três chances de finalizar na primeira etapa e poderia ter definido a vitória. Teve mérito de achar o espaço e se apresentar para a jogada certa.
No esquema 4-2-4, Otero e Ramiro pelas pontas foram verdadeiros motores e jogaram de forma muito coletiva.
Gabriel se somou ao quarteto de zaga como destaque pela segurança e eficiência. E Cantillo, com sua bola longa, deixou Otero na cara de Tiago Volpi para o gol que definiu a vitória corintiana.
Variação na estratégia
Perguntei na entrevista coletiva do técnico Vagner Mancini sobre a variação na ideia de pressionar a saída de bola do São Paulo. O Timão iniciou o jogo com linha alta, tentando forçar erros.
O São Paulo, acostumado a chamar o adversário para golpear com terreno aberto, conseguiu escapar e criar perigo duas vezes trocando passes. Algo que fez o Timão mudar a postura com 23 minutos.
A partir dali, os atacantes não pressionaram mais Tiago Volpi, e a defesa ficou armada à espera do visitante São Paulo em seu campo. Depois, com ajustes táticos, o Timão voltou a apertar o rival no segundo tempo. Tanto que Cazares roubou bola de Volpi, e Camacho errou um gol sem goleiro.
– A partir do momento que o Corinthians marca adiantado o São Paulo e passam duas bolas e gera finalização, automaticamente a gente fica no: “Tem que afastar”. Perdeu uma, perdeu duas, afasta. É a gíria de fechar a casinha, respira, vê o que está errado e volta a marcar na frente. O que aconteceu foi uma indecisão no setor de meio campo, não lembro quem, mas ficou na dúvida, e aí arrumamos e voltou. Chamei o jogador, falei com ele e passamos a marcar melhor – explicou Mancini.
A vitória fez o Corinthians cruzar a linha de meio de tabela. Foram duas posições alçadas. Agora em nono com 33 pontos, o Timão está a cinco do Santos. A distância para a zona de rebaixamento já é de oito pontos, uma situação bem confortável.
Restam ainda 13 rodadas de Brasileirão. Duas em 2020, com jogos contra Goiás (dia 21) e Botafogo (27) e outras 11 partidas no ano que vem. Embora não haja chance de título, ao Corinthians é muito interessante chegar ao fim de campeonato com um time acertado.
Sem férias no fim do Nacional, em fevereiro, a tendência é que Mancini entre nas demais competições da nova temporada com um time em condições de brigar por coisas maiores. Por um bom 2021.
Por Marcelo Braga — São Paulo
Foto – Mancini conversa com os jogadores do Corinthians — Foto: Marcelo Braga.