Cultivo consorciado de maracujá e cebola pode incrementar a renda de produtores rurais de Adamantina
Resultados positivos de consórcio apontam oportunidade interessante de renda na região de Adamantina
Fruto de experimento da extensão rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio da Casa da Agricultura de Adamantina, ligada à área de atuação da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural (CDRS) – Regional Dracena, a introdução da cultura da cebola no município abre oportunidade de renda aos pequenos fruticultores da região.
Conhecida pela pujança da fruticultura, tendo o maracujá como um dos carros-chefes, principalmente nas pequenas propriedades, a região de Adamantina que se destaca na produção estadual, sofreu um impacto na comercialização em decorrência da pandemia.
“Diante desse cenário e da observação da alta dos custos de implementação e manejo da cultura do maracujá, atestamos como é importante que os produtores diversifiquem suas atividades, para manter e até incrementar a rentabilidade da propriedade, bem como otimizar a mão de obra.
Por isso, temos buscado alternativas de cultivo que gerem renda nos períodos de seca (outono e inverno) e na entressafra dessa fruta, para abrir novos nichos de mercado e atender às políticas públicas de compras governamentais, como as do Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS), que tem uma grande demanda em nossa região”, avalia Maurício Konrad, engenheiro agrônomo responsável pela Casa da Agricultura de Adamantina.
Sendo assim, em uma ação de extensão rural, o agrônomo iniciou um experimento que tem se mostrado uma boa alternativa para os fruticultores. “Ao procurar opções de cultivo para diversificar as atividades no município, conhecemos as tecnologias de condução e manejo da cebola na região de Bauru (fruto de um trabalho do engenheiro agrônomo Sérgio Ishikawa, da CDRS Regional Bauru) e identificamos que ela seria a cultura ideal para um consórcio com o maracujá, pois o seu cultivo permite um incremento de renda sem necessidade de grandes investimentos.
Os produtores podem aproveitar a adubação feita para o maracujazeiro, o mesmo sistema de irrigação por gotejamento e, ainda, ter a vantagem de deixar o solo coberto com uma vegetação, o que ajuda a minimizar os efeitos da virose que ataca as plantas de maracujá”, explica Maurício.
Outro ponto positivo para o consórcio, de acordo com o agrônomo, está relacionado à época de plantio e colheita de cada cultura. “Os produtores têm implantado a cultura do maracujá em meados de março até início de maio, coincidindo com a época ideal de semeadura da cebola. A cultura do maracujá tem por características um desenvolvimento lento no início, se desenvolvendo mais a partir dos meses mais quentes (início em agosto), fase que a cultura da cebola já se encontra em período de colheita. Portanto, nesse consórcio não existe competição de radiação solar, pois o maracujazeiro praticamente não faz sombra no cultivo da cebola”.
Os produtores que adotaram a tecnologia do consórcio já estão colhendo bons resultados, agregando valor e renda com a comercialização sendo feita, principalmente, pelo Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS) direcionado às compras públicas das penitenciárias que, em suas Chamadas Públicas, sempre estabelecem a cebola entre os principais alimentos a serem adquiridos. “Uma grande parte dos produtos demandados pelas unidades prisionais (que são muitas na região) não são produzidos localmente em quantidade necessária (alguns nem tem produtores), como é o caso da cebola, do alho e da batata. Com o consórcio, se abriu uma oportunidade para os fruticultores preencherem um pouco esta lacuna e melhorarem a sua renda”, informa Maurício.
Um desses agricultores é Cláudio Roberto Saia. Produtor de maracujá há 10 anos, no sítio Santa Luzia, no Bairro Tupanzinho, em Adamantina, ele tem se mostrado satisfeito com o resultado obtido neste ano com a safra de cebola plantada entre os maracujazeiros, em uma área de 1 hectare, onde a cultura se desenvolveu bem. “Obtivemos uma boa produção e já estamos iniciando as entregas para a penitenciária de Flórida Paulista.
Com a renda da cebola vou conseguir pagar parte dos custos da implantação da cultura do maracujá, o que é muito bom, por conta do ano atípico que estamos tendo”, comenta o produtor.
Outro produtor que já fez a primeira colheita de 2020 é Marcos André Alabanez. “Nessa primeira etapa colhi cerca de quatro toneladas de cebola e já estou com contrato firmado com as penitenciárias de Pracinha e de Flórida Paulista. Essa colheita veio em boa hora, pois trouxe uma renda que ajudará no custeio da cultura do maracujá e em outras necessidades da propriedade”, comemora Marcos.
SOBRE O EXPERIMENTO – Iniciado no mês de abril de 2019 em três propriedades de Adamantina, o experimento é detalhado por Maurício: “Para a cultura do maracujá, utiliza-se o espaçamento de 3 x 5m e a adubação é realizada em sulco, de acordo com análise de solo. A semeadura da cebola foi realizada diretamente no campo, utilizando-se semeadora manual de quatro linhas.Foram implantadas quatro linhas de cebola em cada linha de maracujá. Tanto a semeadura da cebola quanto o transplante das mudas do maracujazeiro foram realizados na primeira quinzena de abril.
As culturas foram irrigadas com fita gotejadora, com gotejadores espaçados em 0,5m e vazão de 1,7L/h (gotejador). O ciclo completo da cebola deu-se em 130 dias – semeadura à colheita -, a qual foi realizada na segunda quinzena de agosto. A variedade plantada foi a Poranga, que se adaptou bem às condições da região”.
Sobre a produtividade, o agrônomo salienta. “Nesse sistema de consórcio obtivemos uma produtividade da ordem de sete toneladas de cebolas por hectare, que pode ser considerada baixa em comparação com áreas onde a raiz é plantada sozinha; mas ao considerarmos que o plantio se limita ao espaço da linha do maracujazeiro, os resultados têm sido animadores. Sendo assim, é possível afirmar que, além de otimizar a área de cultivo, esse consórcio gera renda, pois na época da colheita da cebola, o maracujazeiro ainda não está produzindo”.
Fonte: Siga Mais / Paloma Minke | Secretaria de Agricultura e Abastecimento.