Esportes

Corinthians volta a sofrer e não apresenta bom futebol jogando em casa

Timão volta a sofrer e não apresenta bom futebol jogando em casa


Um empate com sabor amargo. O torcedor do Corinthians, na esperança de uma reação da equipe a curto prazo, sofreu mais um duro golpe na noite da última quarta-feira, no empate sem gols com o Atlético-GO, na Neo Química Arena, em jogo adiado da primeira rodada do Campeonato Brasileiro.


Uma semana depois da derrota para o Sport fora de casa, o Timão mostrou pouco para um time que começa a flertar com a parte de baixo da tabela. Apenas dois pontos separam a equipe de Coritiba, Bragantino e Botafogo, todos com 11 pontos e na zona de rebaixamento.


O lento processo de reconstrução após a saída de Tiago Nunes tem frustrado até o mais otimista dos corintianos. Com semanas livres para treinos, o Corinthians de Dyego Coelho ainda não se comporta como o técnico interino deseja e segue sofrendo coletivamente.

O que deu certo
Como na velha máxima do copo meio cheio (ou seria meio vazio?), nem tudo está perdido. No péssimo primeiro tempo da equipe em Itaquera (falaremos mais disso abaixo), o jovem Léo Natel, de 23 anos, se destacou em nova chance como titular.


Com Michel Macedo quase como um terceiro zagueiro, Natel foi orientado a jogar na ala direita praticamente pisando em cima da linha lateral do gramado. Foram dele alguns bons lances, buscando ser agressivo e aproximar time da grande área.


Depois de se doar por 90 minutos, terminou a partida como craque do jogo e, claro, exausto. Não foram poucas as broncas, orientações de posicionamento e gritos que ouviu de Dyego Coelho durante todo o jogo. Certamente, poderá seguir sendo usado pelo treinador.


Jô, obrigado a sair da área para tentar participar mais do jogo, fez bem a função de pivô tentando segurar a bola ou servir um companheiro quando acionado em ligação direta para o ataque. Teve chance de abrir o placar, mas desperdiçou.

Escalação
Coelho mudou o time para o jogo. A mais chamativa das mudanças foi deslocar Roni para a função de primeiro volante, por vezes invertendo com Cantillo na contenção, e deixar Xavier no banco.


Na prática, a escalação não funcionou. Para se defender no primeiro tempo, o Corinthians adotou uma espécie de 4-2-2-2. Luan e Jô eram os homens mais avançados, Natel e Otero se posicionavam abertos pelas pontas atrás da linha de meio, e tinham pouco mais atrás a dupla de volantes.

– A nossa intenção era fazer com que o Cantillo e o Roni tivessem a situação de posse, para ficarmos com a bola, mas não funcionou muito bem no primeiro. Depois das trocas, funcionou. A gente coloca todo mundo para fazer as mesmas funções nos treinos, isso da segurança para trocarmos e melhorar no segundo tempo, como aconteceu – explicou Coelho.


O Corinthians, bombardeado com nove finalizações do Atlético na etapa inicial, de fato melhorou depois do intervalo. Coelho, mais uma vez, usou as cinco substituições.

Ramiro entrou no lugar de Roni (intervalo);
Cazares substituiu Luan;
Boselli ocupou a vaga de Jô;
Camacho entrou no lugar de Cantillo;
Gustavo Mantuan substituiu Otero.

O Timão passou a achar mais espaços pelos lados e conseguiu ficar mais com a bola no campo de ataque. Destaque para a melhora das participações ofensivas de Lucas Piton. Segundos antes de sair, Otero teve a chance do jogo em seus pés, após toque de Boselli, mas viu Jean defender.

O que deu errado
Muita coisa não funcionou. A começar pelo fato de a equipe não ter apresentado uma evolução coletiva mesmo depois de seis dias livres para treinos e descanso. Mas alguns problemas são mais gritantes do que outros.


A saída de bola foi a principal dificuldade do Timão e poderia ter até custado mais caro. Sem Xavier e sem Fagner, suspenso, Michel Macedo foi o encarregado de se juntar a Gil e Danilo Avelar na saída de bola com três jogadores no campo de defesa. O lateral rifou vários passes e, quando não, se limitou a tocar de lado. Não funcionou, principalmente no primeiro tempo. O lance abaixo ajuda a exemplificar:


Coelho não gostou do comportamento defensivo da equipe. Se irritou com Gil quando o zagueiro não avançou a linha de marcação e ficou louco com a constante exposição da equipe em vários momentos do jogo. O Dragão incomodou e poderia ter aberto o placar.


Tocar a bola entre os defensores com os meias encaixotados na marcação rival colocou mais uma vez à prova a paciência do torcedor e passou longe de colaborar para um resultado positivo. Pouca intensidade, muitos erros.


O meio foi outro problema: Roni não funcionou ao lado de Cantillo. O jovem acabou amarelado e foi trocado no intervalo. Já o colombiano vive um período de baixa técnica: pouca combatividade na marcação e pouca criatividade na construção. Jogou distante dos companheiros e muito marcado.


Quem também está em baixa técnica é Luan. Durante a semana, Coelho chegou a dizer que até o semblante do camisa 7 estava mais leve. Em campo, mostrou pouquíssimo. Parece desconectado do jogo. É pouco intenso, toma decisões erradas e comete erros.


O ex-gremista circula pelo campo todo, jogando com uma liberdade tática impressionante, mas não dá andamento às jogadas, sofre com a marcação rival e parece alheio ao que acontece ao redor. Há jogadores que podem mostrar mais e a concorrência segue aumentando.


Cazares é um destes concorrentes. O equatoriano teve uma estreia discreta, é bem verdade, mas ajudou na construção da jogada que terminou desperdiçada por Otero.

Próximos passos
O Corinthians tem dois compromissos importantes nos próximos dias que podem jogá-lo na zona de rebaixamento ou aproximá-lo do G-6: contra o Bragantino, já neste sábado, fora de casa, e um clássico contra o Santos, na próxima quarta-feira, em casa. Duas chances para mostrar de vez quais as reais pretensões da equipe neste torneio que se arrastará até fevereiro.


O principal desafio é ajustar coletivamente essa equipe para que os problemas individuais não pesem tanto. Aproximar os setores, ajustar a saída de bola e, possivelmente, mudar a escalação da equipe mais uma vez neste Brasileirão.


Coelho sabe que precisará fazer mais para seguir no cargo.

Por Ana Canhedo — São Paulo

Foto – Jogadores do Corinthians unidos antes da partida contra o Atlético-GO — Foto: Marcos Ribolli.